sábado, 6 de novembro de 2010

Mulheres - 82 anos antes de Dilma

Agradecimentos ao Professor João Tomas
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Date: Wed, 3 Nov 2010 09:39:36 -0300
Subject: mulheres
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*82 anos antes de Dilma *

*Data: 03.11.10*

Mais de 80 anos antes de Dilma Rousseff ser eleita a primeira mulher
presidente do Brasil, Alzira Soriano foi a primeira escolhida pelo povo para
um cargo executivo no país – quando mulheres nem sequer tinham o direito de
votar.

Em 1928, Alzira, viúva e mãe de três filhas, conquistou 60% dos votos e em
1º de janeiro do ano seguinte foi empossada prefeita de Lajes, no Rio de
Grande do Norte.

Foi a primeira mulher da América Latina a assumir o governo de uma cidade,
segundo notícia publicada na época pelo jornal americano "The New York
Times".

A distância no tempo não é apenas grande entre Alzira e Dilma, mas entre ela
e todas as outras mulheres que assumiram cargos executivos no país.

A primeira prefeita de uma capital, Maria Luiza Fontenele, de Fortaleza,
tomou posse 57 anos depois de Alzira, em 1986. A primeira governadora,
Iolanda Fleming, do Acre, em maio do mesmo ano. A primeira prefeita da maior
cidade do país, Luiza Erundina, em 1989.

Além de uma bisneta de Alzira, Maria Luiza Fontenele, Iolanda Fleming, Luiza
Erundina e duas cientistas políticas deram suas avaliações sobre o papel das
mulheres brasileiras no Executivo.

"Alzira foi uma mulher à frente de seu tempo, que empurrou a história do
país para frente", diz Erundina, que atualmente é deputada federal. "Toda a
evolução da participação da mulher na política brasileira nasce com a
ousadia dela", afirma.

A bisneta da primeira prefeita, a médica Lana Patrícia, de 40 anos, não
chegou a conhecê-la pessoalmente, mas sabe bem as histórias sobre a
personalidade da primeira prefeita. "Ela não levava desaforo para casa. Era
uma mulher muito rígida, muito séria, que comandava com respeito", conta.

"Depois de prefeita, ela ainda foi eleita vereadora. Não era o comum da
época, mas ela não se importava com nada disso", diz Lana.

A família guarda as históricas fotos de Alzira Soriano. Em uma delas, a
prefeita aparece em meio ao seu gabinete formado exclusivamente de homens.

Alzira ficou apenas um ano no cargo, pelo então Partido Republicano. Em
1930, descontente com a eleição de Getúlio Vargas, ela deixou a função.
Apenas dois anos depois disso, em 1932, mulheres conquistariam o direito de
votar.

"O voto feminino no Brasil foi conseguido muito tardiamente", avalia a
cientista política Jussara Prá, da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul. "Mesmo depois dessa conquista, a restrição ao voto dos analfabetos
limitou muito o voto das mulheres – que, em sua maioria, não estudavam. A
participação das mulheres cresceu depois dos anos 70", explica.

E mesmo após os anos 1970, segundo ela, o voto da mulher era marcado pelo
conservadorismo e pela resistência a apostar em algo novo.

Para Maria Luiza Fontenele, primeira prefeita de uma capital, pelo PT, a
experiência rendeu apenas desilusão. Oriunda do movimento estudantil e de
organizações feministas, ela conta que mudou sua visão da política após a
passagem pela prefeitura de Fortaleza, marcada por intensas greves e
protestos violentos.

Maria Luiza deixou a política e hoje participa de um grupo chamado "Crítica
Radical", que prega "uma nova força de organização das relações humanas." Para
ela, a eleição de Dilma Rousseff tem "pouco impacto." "Achar que uma mulher
no Brasil, como um negro nos Estados Unidos, vá mudar alguma coisa é
ingenuidade," diz.

Para a primeira mulher a tomar posse de um governo estadual, no entanto, a
avaliação é diferente. Iolanda Fleming, do PTB, foi eleita vice-governadora
do Acre em 1983. Quando o governador Nabor Júnior deixou o cargo em 1986
para disputar o Senado, ela se tornou a primeira mulher a governar um estado
brasileiro – mais tarde, em 1995, Roseana Sarney, do Maranhão, se tornou a
primeira governadora eleita do país.

"Enfrentei dificuldades e, não vou mentir, preconceito", conta. "Mas tive o
apoio bem próximo do movimento feminista e conseguimos superar o atraso na
mentalidade de alguns para fazer um bom governo", afirma.

A ex-prefeita Luiza Erundina também revela preconceito – um "preconceito
triplo". "Somam-se em mim várias características: eu sou mulher, nordestina
e de esquerda", conta. "Tudo isso dificultava as pessoas a enxergarem o
momento histórico que era ter uma mulher na prefeitura de São Paulo", conta
a deputada reeleita em 2010, agora no PSB.

A cientista política Maria do Socorro Souza Braga, da Universidade Federal
de São Carlos (UFSCar), concorda. "O Brasil demorou muito para levar uma
mulher à presidência. Argentina, Chile, Nicarágua fizeram isso antes. Nesses
80 anos, o país se modernizou em muitas áreas, mas essa questão demorou."
http://www.espacovital.com.br/noticia_ler.php?id=21427

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