quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Filosofia do Nadador

Um amigo, muito desmotivado, me escreveu o seguinte: "Quando faço uma baita reportagem, ninguém elogia; se esqueço ou erro um "a", cai o mundo".

É normal a gente querer elogios, porque eles servem de incentivo para que a gente continue bem. Mas eles são raros em qualquer profissão, não só no jornalismo.

Quando fui responder isso para ele, me ocorreu que a gente tem que lidar com o jornalismo -- ou com qualquer outra profissão --, como eu lidava com a natação, quando era atleta:

 O nadador compete, sobretudo, consigo mesmo.

Existem uns cinco que são os melhores, que sempre ganham medalhas e competem para ganhar, ou ouro, ou prata, ou bronze.

Mas eu era apenas uma nadadora razoável, determinada a melhorar cada vez mais, mas sem chances de levar medalhas.

Por isso, eu -- e uma imensa maioria de atletas -- competia para melhorar meu próprio tempo.

Entrava na piscina determinada a diminuir em um segundo os meus 50 metros.

Se conseguia -- como era comum, depois de muito treino --, eu ficava satisfeitíssima: viu só, pai?, viu, mãe? Fiz um segundo a menos! Estou melhor!

Eu tinha uma meta.

Eu trabalhava por ela, sem olhar para os outros competidores.

Eu fazia o melhor de mim, apenas para ter a satisfação de, no final, ter conseguido melhorar um pouquinho.

O técnico não ia lá me dar os parabéns por ter diminuído meu tempo, ele ia abraçar os medalhistas.

Mas não precisava. Porque eu sabia que tinha feito o melhor de mim e que estava melhor que da última vez.

 É muito fácil levar a filosofia do nadador para seu trabalho, seja ele qual for, se você gosta do que faz. Porque alcançar sua meta pessoal é a melhor recompensa.

Se você não gosta, fica dependendo toda hora de empurrõezinhos externos. E se frustra quando eles nunca vêem.

Se age como um nadador, aumenta as chances de, algum dia, estar entre os medalhistas, simplesmente por ter feito bem o seu trabalho.

 (Sei que é um post bem autoajuda, mas acho que foi útil ao meu amigo, então resolvi colocar aqui também Bem humorado)

Escrito por Ana Estela de Sousa Pinto

http://novoemfolha.folha.blog.uol.com.br/arch2010-08-22_2010-08-28.html

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