É normal a gente querer elogios, porque eles servem de incentivo para que a gente continue bem. Mas eles são raros em qualquer profissão, não só no jornalismo.
Quando fui responder isso para ele, me ocorreu que a gente tem que lidar com o jornalismo -- ou com qualquer outra profissão --, como eu lidava com a natação, quando era atleta:
O nadador compete, sobretudo, consigo mesmo.
Existem uns cinco que são os melhores, que sempre ganham medalhas e competem para ganhar, ou ouro, ou prata, ou bronze.
Mas eu era apenas uma nadadora razoável, determinada a melhorar cada vez mais, mas sem chances de levar medalhas.
Por isso, eu -- e uma imensa maioria de atletas -- competia para melhorar meu próprio tempo.
Entrava na piscina determinada a diminuir em um segundo os meus 50 metros.
Se conseguia -- como era comum, depois de muito treino --, eu ficava satisfeitíssima: viu só, pai?, viu, mãe? Fiz um segundo a menos! Estou melhor!
Eu tinha uma meta.
Eu trabalhava por ela, sem olhar para os outros competidores.
Eu fazia o melhor de mim, apenas para ter a satisfação de, no final, ter conseguido melhorar um pouquinho.
O técnico não ia lá me dar os parabéns por ter diminuído meu tempo, ele ia abraçar os medalhistas.
Mas não precisava. Porque eu sabia que tinha feito o melhor de mim e que estava melhor que da última vez.
É muito fácil levar a filosofia do nadador para seu trabalho, seja ele qual for, se você gosta do que faz. Porque alcançar sua meta pessoal é a melhor recompensa.
Se você não gosta, fica dependendo toda hora de empurrõezinhos externos. E se frustra quando eles nunca vêem.
Se age como um nadador, aumenta as chances de, algum dia, estar entre os medalhistas, simplesmente por ter feito bem o seu trabalho.
(Sei que é um post bem autoajuda, mas acho que foi útil ao meu amigo, então resolvi colocar aqui também )
Escrito por Ana Estela de Sousa Pinto
http://novoemfolha.folha.blog.uol.com.br/arch2010-08-22_2010-08-28.html
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