Entrevista com Wilson Périco, novo presidente do Cieam
Ao assumir a presidência do Cieam, o executivo pretende conjugar os esforços entre as entidades da indústria, cobrar atuação da bancada em Brasília e mais seriedade de alguns ministros
Manaus, 17 de Julho de 2011
Kátia Gomes
Wilson Périco assume a presidência do Cieam
O novo presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), atual presidente do Sindicato das Indústrias de Eletroeletrônicos e Similares de Manaus (Sinaees) e vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Wilson Périco, considera mentirosos e inimigos declarados da Zona Franca de Manaus os ministros da Ciência e Tecnologia (MCT), Aloisio Mercadante, e de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel.
Périco acusa o Governo Federal de fazer um discurso de apoio a Zona Franca, quando na realidade, "seus técnicos agem contra os interesses do Estado, desrespeitando a Constituição". Como presidente do Cieam, ele quer alinhar entendimentos entre Fieam e Associação das Indústrias e Empresas de Serviços do Polo Industrial do Amazonas (Aficam), além de pedir mais transparência nas ações dos parlamentares do Amazonas na Câmara Federal e no Senado.
Como o senhor define sua força empresarial e política no momento em que acumula os cargos de presidente do Sinaees e da Cieam e a vice-presidência da Fieam?
Minha responsabilidade com o Sinaees termina em outubro. Estou assumindo o Centro da Indústria que está muito alinhado com as ações dentro da Federação. O mais importante é você ter entidades que tenham discussões e alinhamento de ideias e opiniões para que juntos consigam ter mais força para debater os assuntos de interesse comum.
Depois de tantos anos com Maurício Loureiro à frente da Cieam, quais as mudanças previstas em sua administração?
Tenho o maior respeito pela brilhante administração feita por Maurício, mas quero dar maior transparência ao trabalho do Cieam, deixar mais evidente tudo que fazemos e todas as lutas que travamos. Outro objetivo é adensar as discussões com Fieam e Aficam. Essas três entidades têm que alinhar entendimentos para que, juntas, consigam lutar pelos interesses dos associados, do Polo Industrial e do Estado do Amazonas.
O esteio da economia do Amazonas é o PIM. O Sr. acredita que a Zona Franca de Manaus corre o risco de acabar. Será que o Brasil vai querer perder a Zona Franca?
Nós temos que entender que a Zona Franca de Manaus está calcada em incentivos fiscais liberados pelo Governo Federal. De alguns anos para cá, a forma de administrar o País foi loteada pelos partidos e pelos Estados. Hoje, você tem ministros de Estado que não têm essa visão de brasilidade que você coloca. Ministros que têm uma visão muito regionalista e procuram fazer desse ministério um trampolim para alçar cargos políticos dentro de seus Estados.
Quem são esses Ministros?
Aloisio Mercadante já é declaradamente candidato à Prefeitura e Governo de São Paulo. Por isso, ele não tem medido esforços nem as consequências de suas ações. Ele não tem uma visão do todo e sim uma visão regional baseada em interesses políticos e individuais.
No segundo escalão do Ministério comandado por Fernando Pimentel (Mdic) existe uma predisposição dos técnicos contra o modelo ZFM. São eles que determinam e definem qual produto vai ser produzido, e onde, no País. Por isso é tão difícil conseguirmos aprovar os Processos Produtivo Básicos (PPBs), que trazem riquezas para nossa região. Temos outros investimentos querendo vir para Manaus e que necessitam de autorização desses ministérios. É muito difícil tirar de lá.
O que o senhor acha de nossa bancada em Brasília?
Hoje temos uma bancada que é atrelada ao Governo, que não tem oposição. Por isso, não sabemos como os assuntos referentes às necessidades do Amazonas são tratados e conduzidos. Na atuação dos deputados, que deveria ser de forma combativa em relação aos interesses e direitos de nosso Estado, falta posicionamento por parte de alguns parlamentares. O que os deputados estão fazendo e como estão fazendo? Não temos nenhuma visibilidade desse trabalho, com exceção de alguns. Não sei se eles não fazem por que não são demandados ou por falta de conhecimento. Então, temos que resolver isso. Eles estão lá para defender os interesses do povo do Amazonas, que os elegeu.
O senhor acha que o Governo Dilma não está tendo o devido respeito com o Estado do Amazonas?
A presidente Dilma até demonstra ter esse respeito, mas os ministros dela - principalmente, Aluísio Mercadante e o Fernando Pimentel - não. Esses dois alegam uma ignorância regional, por conveniência, para fazer o que estão fazendo. São mentirosos e desrespeitam a Constituição Federal. Eles dizem uma coisa e estão fazendo outra. Nós perdemos o investimento da Adidas, porque não aprovaram o PPB para calçados esportivos de alta performance, e que não é fabricado no Brasil. Esse investimento vai pra Argentina por conta desses dois ministros.
O Polo Industrial, hoje, ajuda o Governo Federal a sustentar toda a Região Norte. O Governo Federal precisa reconhecer nossa importância para que o Amazonas não fique o tempo todo de pires na mão, pedindo a prorrogação.
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