Fonte: Folha Online
04/05/2010 - 21h13
Um grupo de alunos realizou uma manifestação na noite desta terça-feira contra o recente episódio de incitação à homofobia na USP (Universidade de São Paulo). Há duas semanas, um
texto publicado no informativo "O Parasita" --atribuído aos alunos da Faculdade de Ciências Farmacêuticas-- desafiava alunos a "jogar merda" em gays em trocas de convites para uma festa da faculdade.
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Suposto informativo de alunos da USP incita homofobia
| Fred Chalub/Folha Imagem |
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| Aluna discursa durante manifestação contra homofobia na USP; "pré-beijaço" teve apenas um beijo e diversos discursos |
Na internet, blogs e Twitter convidaram para a manifestação de hoje, classificada pelos organizadores como "ato político" mas chamada na rede de
"pré-beijaço", em referência ao beijo coletivo marcado para o próximo dia 20.
Quem esperava beijos, porém, encontrou discursos de alunos e representantes de centros acadêmico da USP contra a homofobia na sociedade de forma geral, além da situação na universidade.
A Reitoria e a Guarda Universitária foram criticadas durante as falas por, supostamente, não se posicionarem contra agressões a gays. A guarda ainda foi chamada de homofóbica e acusada de tratar com violência casais de alunos homossexuais nos campus Butantã e Leste.
"Como é que uma pessoa que estuda tanto, que faz tudo a partir da evidência científica, consegue escrever uma coisa tão sem fundamento, tão preconceituosa?", questionou, no microfone, Lindberg Souza Campos Filho, 20, sobre o texto do "Parasita".
Para não dizer que não houve beijo, um casal de mulheres posou para fotógrafos e cinegrafistas se beijando em frente a um grande cartaz com a frase "Homofobia é crime".
Segundo o diretor do DCE (Diretório Central dos Estudantes) Roberto Brandão, 20, o ato desta terça não tinha como objetivo promover um beijo coletivo, mas levantar uma discussão sobre o assunto. Ele afirma que o "beijaço" não é organizado pelo DCE (Diretório Central dos Estudantes), que considera a atitude válida, mas pondera que beijos entre gays não devem se "restringir a locais e horários específicos". O DCE publicou, em seu
site, uma moção de repúdio contra o informativo.
Após os discursos, os estudantes que permaneceram saíram em passeata pelo corredor do prédio da Faculdade de Ciências Farmacêuticas com gritos de ordem como "Contra a homofobia/A luta é todo dia" e "Abaixo 'O Parasita'".
Minoria
Alunos do curso de ciências farmacêuticas da USP que não participaram da manifestação disseram que a repercussão do caso provocou surpresa entre os estudantes. Todos os consultados pela reportagem disseram que o ambiente na faculdade é de respeito aos gays, e que a opinião do "Parasita" representa a de uma minoria.
"Esse jornal é realmente muito satírico, mas infelizmente acabou passando dos limites, perdeu a mão. Ele nem é tão conhecido aqui. Eu faço parte de três grupos de e-mail diferentes e não recebo", disse Heitor Leite, 23, aluno do 5º ano de ciências farmacêuticas. Ele afirmou acreditar na punição dos responsáveis pelo informativo, principalmente após uma reunião convocada pela direção da faculdade em que foram anunciadas medidas contra o informativo.
