A dúvida no milagre do Mestre fez o apóstolo
afundar, mas não morrer afogado. Ficou
estabelecido que: a fé é que faz a espuma do mar ou o banzeiro do rio encrespar
tão duro que se transforma em pedra e caminho. A senha deveria ser “eu creio”, na língua que
a Babel daqueles tempos fez-se perder no marasmo linguístico dos nossos tempos
e ressurgiu nos códigos de postura como “propina”.
Mudaram, o Natal e o Tempo. Quem sabe o caminho das pedras, em verdade
lhes digo, é o funcionário público, aquele iluminado pela impunidade do emprego
vitalício e que odeia, mais do que detesta, ser chamado de servidor público,
porque servir ao público não é bem a sua praia, mas servir-se.
Esse poder decisório está encravado, principalmente,
no 7º Escalão da administração pública, mas é o mais importante no organograma
da administração. Os partidos políticos
que vendem, trocam, alugam, emprestam e rateiam os cargos públicos, como se
fossem propriedade sua, não se importam e muito menos sabem onde se estabelece
e também circula esse exército de má vontade.
O 7º Escalão é tudo o que resta, depois que a negociata dos partidos se
cumpre do 1º ao 3º escalões.
Não é burrice.
É senso de oportunismo desses aliados de governo: o 7º Escalão não
comporta cargos comissionados, horas extras, diárias e outras vantagens que
somente os funcionários “de confiança”, e não os de carreira, desfrutam. Esse oportunismo explícito e sem cerimônias
revela o quanto governantes e aliados de base não se interessam pelo bem
público ou do público que, no final, paga todas as despesas e mais os
vencimentos dos seus homens de confiança.
O 7º Escalão, no entanto, é mais importante que
Executivo, Legislativo e Judiciário juntos ou em ações isoladas contra o bem
público ou do público. É o senhor
todo-poderoso da cartografia do caminho das pedras que leva à solução de todo e
qualquer problema em administração. O 7º
Escalão sabe que os governantes e seus cordões de puxa-sacos não duram mais que
quatro anos em seus postos. O 7º Escalão
é eterno. É uma cultura de rancores,
ressentimentos, frustrações, de gente mal-amada e que ama muito pior ainda e a
quem consola uma única atitude: encravar qualquer trâmite ou avanço de um
processo.
O 7º Escalão senta em cima do processo, fá-lo (ó
Deus!) dar voltas em torno de si mesmo, troca figurinhas, compra jóias e roupas
baratas nos corredores, suspende o atendimento às urgências médicas nos jogos
da Seleção, e espera que os governantes e seus puxa-sacos desapareçam nos
próximos quatro anos com sua burrice arrogante.
Não se pode contrariá-lo em sua rotina de sabotagem ao serviço
público. Só a propina fá-lo (ó Deus!)
funcionar.
O serviço público não tem gerência, por isso o 7º
Escalão só dá trabalho e prejuízo, não frita um ovo. Mas sabe que o caminho das pedras se revela
com a palavra “propina”.
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